sexta-feira, 10 de junho de 2011

O êxtase e o ressurgimento vascaíno

Depois de oito anos de jejum, e onze anos sem ganhar um título de expressão nacional, o Vasco da Gama ressurgi. O cruzmaltino, mesmo perdendo para o Coritiba, conquistou a Copa do Brasil 2011 de uma forma muito especial: na superação, dentro de muitas adversidades e desconfianças, depois de um jogo que entrará para a história da competição, dando assim uma grande reviravolta neste início de década.

A partida que garantiu o título para o Vasco foi sensacional. Depois da vitória por 1 a 0 em São Januário, no jogo de ida, o time da Colina foi até a capital paranaense enfrentar o Coritiba, valendo a taça da Copa do Brasil. A vantagem era pequena, mas muito importante. E o cruzmaltino soube se valer dela. Desde o começo de partida os jogadores vascaínos apresentaram uma postura de retardamento do jogo, nitidamente jogando com o regulamento. E esse talvez foi o que fez esta conquista ser tão sofrida e emocionante. Em muitas vezes dentro da partida, o Vasco se esqueceu de jogar bola e só aguardava o tempo passar para soltar o grito de campeão. Mas as coisas, como vimos, foi bem diferente. O Coritiba, empurrado por uma massa alviverde que lotou o Couto Pereira, foi pra cima do time carioca desde o início. Mesmo com o esquema estranho do técnico Marcelo Oliveira, que entrou em campo com três volantes, o time paranaense pressionava a saída de bola vascaína, forçando o adversário a rifar a bola, dando a bola de graça para o Coxa armar suas jogadas.

Porém, quando menos se esperava, o Vasco marcou. Eder Luis fez boa jogada pela direita e cruzou rasteiro para Alecsandro, que só empurrou para as redes. 1 a 0 e a vantagem cruzmaltina aumentava ainda mais. Percebendo o próprio erro, Marcelo Oliveira sacou um dos volantes e lançou o atacante Leonardo em campo. O Coxa, que agora precisava de três gols para levar a taça, então, se lançou ao ataque, mas não com a mesma eficiência mostrada no início de jogo. O Vasco, por sua vez, melhorou na partida depois do gol marcado, começou a colocar a bola no chão e trocar passes com mais tranquilidade e eficiência, e até conseguiu chegar ao ataque em algumas oportunidades. Mas, aos poucos, os jogadores vascaínos foram recuando e chamando o Coritiba para o campo de ataque. Grande erro cruzmaltino. Desde então, o Coxa se agigantou. Empurrado pela torcida, criava chance atrás de chance. E o gol não demoraria a vir. Aos 28 minutos, bola alçada na área, a defesa vascaína falha, e Bill, depois de receber toque de cabeça, empurra da mesma forma para o gol, empatando a final. O gol enlouqueceu a massa coxa-branca, que ficou eufórica, deixando os atletas ainda mais empolgados, e os cruzmaltino assustados.

E não deu outra. Com tanta pressão, o segundo gol do Coxa veio no finalzinho da primeira etapa. Davi aproveitou rebote dado por Fernando Prass depois de chute de Léo Gago e virou o jogo. O Coritiba foi para o intervalo precisando apenas de mais um gol para ser campeão. O Vasco saiu de campo preocupado. Na volta para o segundo tempo, as equipes, sem alterações, diminuíram um pouco o ritmo. O time da casa não veio com todo aquele ímpeto mostrado na primeira etapa, ficava mais com a bola no pé, mas não assutava tanto como no tempo inicial, e os visitantes, por sua vez, somente cercavam. Porém, depois de um tiro de meta cobrado por Prass, o Vasco empatou a decisão. Eder Luis ganhou a dividida com os zagueiros, bateu rasteiro e, contando com a ajuda do goleiro Edson Bastos, igualou o marcador. Mas, assim como na primeira etapa, quando o Vasco tinha uma maior tranquilidade dentro do jogo, recuou novamente e permitiu o terceiro gol do coxa. Marcelo Oliveira colocou o time mais a frente, com as entradas de Eltinho e Marcos Aurélio, e o alviverde marcou aos 22 minutos, quando Willian acertou um belo chute no ângulo de Fernando Prass.

Depois disso, o jogo ganhou outra cara. O Coritiba se lançou todo ao ataque, e o Vasco não conseguia mais jogar. O técnico Ricardo Gomes, percebendo o momento ruim, sacou Felipe e Diego Souza, cansados, e colocou Jumar e Bernardo, reforçando mais a marcação. Virou um jogo de ataque contra defesa. Com bolas alçadas, jogadas pelas laterais dos dois lados e pelo meio, o coxa chegava de todos os jeitos e maneiras na defesa cruzmaltina, que resistia bravamente. Dedé e Anderson Martins foram gigantes, cortando todas as bolas para o Vasco, que tomou o maior susto dentro desta pressão, quando Fernando Prass quase largou uma bola nos pés de Bill. Não mais na técnica, mas na base da vontade, o Coritiba não se dava por vencido, e, até o último minuto de jogo, pressionou e beirou o campo de defesa vascaíno, que ainda perdeu duas boas chances de marcar em contra-ataques puxados pelo incansável Eder Luis. O jogo foi até aos 50 minutos, mas o Coritiba não conseguiu o gol, para tristeza da torcida alviverde e explosão da torcida vascaína, que soltou o grito da garganta depois de oito anos sem títulos.

Méritos para todas as partes dentro do Vasco. Jogadores, comissão técnica e dirigentes. Vamos falar primeiro de quem lutou dentro de campo. O capitão Fernando Prass, quase impecável em toda a competição, assim como a dupla de zaga Dedé e Anderson Martins. Destaques também para a ótima fase do volante Rômulo, joia das categorias de base cruzmaltina, que conquistou seu lugar dentro da equipe. Os experientes Felipe e Diego Souza foram decisivos nos jogos finais, assim como Alecsandro, que chegou sob desconfiança por parte da torcida e foi um dos artilheiros da Copa do Brasil. Bernardo, o "12º jogador", e Eder Luis, o principal jogar neste segundo jogo da final, sendo o "motorzinho" vascaíno. Grande trabalho feito também pelo técnico Ricardo Gomes, que, assim como alguns jogadores, chegou sob desconfiança, e conseguiu, aos poucos, ressuscitar a equipe, com boas atuações e principalmente com resultados. Depois por uma boa passagem pelo São Paulo, Ricardo consegue seu primeiro título de expressão dentro de sua curta carreira como treinador, fazendo um trabalho de ressurgimento dentro do elenco, abalado pelo péssimo início de ano. Não é qualquer técnico que consegue fazer isso. Ricardo Gomes merece todos os parabéns.

Mas, dentre jogadores e comissão técnica, destaco principalmente o grande trabalho da diretoria cruzmaltina, que teve dois nomes de destaque dentro desta campanha vitoriosa na Copa do Brasil. O primeiro é do diretor de futebol Rodrigo Caetano. Cobiçado por diversos clubes brasileiros, ele manteve o foco dentro de São Januário, foi responsável direto pelas principais contratações de jogadores vascaínos e, assim como na Série B de 2009, conseguiu montar um elenco sem estrelas, mas com muita qualidade, e principalmente, campeão. Rodrigo vem se mostrando um grande profissional e craque fora das quatro linhas. Não é a toa que é tão bem falado e respeitado, tendo propostas de alguns grandes do futebol brasileiro. O reconhecimento do trabalho, tanto feito no Grêmio, e agora mais ainda no Vasco, são provas de que as coisas estão feitas corretamente. E Rodrigo Caetano tem esse mérito.

E o segundo e principal personagem desta grande conquista e do ressurgimento cruzmaltino é sem dúvida o presidente Roberto Dinamite. Quando assumiu a presidência vascaína, na metade de 2008, encontrou um clube endividado, sem estrutura, com a moral no chão, sendo desrrespeitado e motivo de chacota entre todos, depois de um longa gestão de Eurico Miranda, que quase acabou com o Vasco. Mesmo com esta situação deplorável, encarou o desafio, deu a cara pra bater e não fugiu de sua responsabilidade, mesmo não sendo sua obrigação, já que Dinamite, antes de virar presidente, já era e é o maior ídolo da história centenária do Gigante da Colina. Roberto, agora engravatado, mostrou algumas dificuldades no começo de sua gestão, devido a sua inexperiência. Viu o clube ser rebaixado para a segunda divisão, foi alvo de muitas críticas, até por parte dos vascaínos, mas não saiu. Manteve-se firme em seu posto e começou, a partir de 2009, a traçar a grande reviravolta do Vasco. Na segunda divisão, montou uma equipe sem craques, mas unida, e chamou o torcedor para para dentro do clube, fazendo uma campanha de sócios e fazendo a torcida se envolver como nunca em prol da equipe. O slogan "O sentimento não pode parar" virou moda entre os crumaltinos, que carregaram o time devolta a primeira divisão.

Com o Vasco novamente na elite do futebol brasileiro, Roberto continuou seu projeto, resgatando a história do clube e melhorando consideravelmente a estrutura vascaína. Atraiu diversos patrocinadores, coisa que, na gestão de Eurico, era quase impossível. Assim, gerou receitas foi montando o "quebra-cabeça" vascaíno, até chegar nesta conquista, que pode ser apenas a primeira de tantas outras que poderão vir. Dinamite montou um projeto a longo prazo, visando não apenas uma gestão pequena, mas também pensando no futuro do clube. E isso é a postura de um verdadeiro ídolo e campeão. Como é e sempre foi Roberto Dinamite.


E o término desta história se dá com a torcida vascaína. O êxtase depois do título foi espetacular. As comemorações tanto em Curitiba e principalmente no Rio de Janeiro, assim como em todo o Brasil, foram expressivas. O grito que estava engasgado na garganta à oito anos, todas estas temporadas sofrendo com equipes de baixa qualidade e com as gozações de todas as demais torcidas. Mas, neste momento, enfim, o torcedor cruzmaltino pode comemorar a vontade, porque ele merece. Uma torcida muito exigente, mas que não abandonou o time em nenhum momento e soube esperar. O ressurgimento de seu clube do coração. Faça a festa, vascaínos de todo o país. O Club de Regatas Vasco da Gama ressurgi.

4 comentários:

  1. Que bela postagem em Gabriel, finalmente o Vasco saiu da fila em e ganhou um título importante, e a Libertadores, a muito tempo oo Vascão não ia em... Não posso esconder que estava na torcida do Coxa, mas parabéns ao Vasco, que vem progredindo ano a ano, desde a vinda da Série B, e mereceu esse título por todo o esforço

    Abraço

    http://www.gremista-sangueazul.com/

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  2. É uma fase boa de mais do Vasco, em que tudo dá dando certo. Mas o Vasco soube sair da fase ruim, com boas contratações e bom treinador.

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  3. Xará, foi um grande trabalho em equipe que deu certo.Os vascaínos devem muito ao Dinamite que foi o principal mentor desse Vasco campeão da Copa do Brasil, e de forma merecida.

    Abraços

    http://www.conexaopaulista.com

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  4. Bela festa e foi um jogaço! Apesar que acho que o Coritiba foi um pouco superior no apanhado geral da competição,mas o título ficaria de bom tamanho nas mãos de qualquer um dos finalistas!

    Parabéns ao Vasco!

    http://www.digaofutebol.com

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